85 anos do Hospital Montenegro: Diretor ocupa Tribuna Livre da Câmara
“Um ano antes que fosse permitido o voto feminino, mulheres aqui de Montenegro se juntaram para construir um hospital, o Hospital Montenegro”, iniciou.
Lembra que este período foi marcado por muitas alegrias, mas também de momentos difíceis, “sendo o pior entre os anos 2000 e 2011, quando atravessou uma crise séria, com ameaça de fechamento”. Recorda que iniciou sua gestão, no começo de dois mil e doze, com um processo de recuperação. “Renegociamos dívidas antigas, honrando integralmente os compromissos firmados desde então”.
Informação de impacto trazida pelo Diretor: segundo o índice de comorbidade Charlson, usado na Medicina, a partir do número três trata-se de paciente com alto grau de risco de morte. “De acordo com o estudo de estatística da gravidade do paciente clínico do HM, quarenta por cento dos pacientes, em média, estão acima do grau três”. Em 2014, o índice de Charlson no HM era de 25% dos pacientes. Atualmente, está entre 43 a 45%. Dos 578 pacientes, 39,8% deles têm mais de três no índice Charlson. “Ou seja, são pacientes que deveriam até, em muitos casos, estar em hospitais terciários, de alta complexidade, como o Hospital de Clínicas e o Conceição”, especifica, mencionando que o HM é classificado como um hospital secundário.
Ocorreu um acréscimo na resolutividade nos atendimentos no HM. “Entre 2009 e 2015, a oferta e a prestação de serviços no município de Montenegro apresentou substancial aumento, passando a exercer perfil de hospital regional, com bom índica de resolutividade”, destaca. Em 2010, os atendimentos em ambulatório no HM foram de 317.916, havendo 244 óbitos. Em 2012, começou-se a ampliar os atendimentos, que subiram vertiginosamente em 2014. Em 2015 quase se chegou a um milhão de procedimentos, e a taxa de mortalidade se mantém estável. “Estamos atendendo três vezes mais pacientes, continuando a mesma taxa de mortalidade, que é de 12%”, exemplifica.
O HM executa em torno de 65% de todas as internações hospitalares ocorridas nos estabelecimentos do Vale do Caí, estabelecendo-se como a principal referência para os serviços de média complexidade, da região. O HM passou de 3549 internações em 2010, para 6300, em 2014. “O HM não é mais um hospital de referência, é um hospital regional”. A quantidade de procedimentos ambulatoriais, de 108 mil em 2010, saltou para 540 mil em 2015. Dentre as 121 mil cirurgias realizadas na macrorregião metropolitana em todos os estabelecimentos, o HM aumentou sua contribuição: de 2420 para 3021.
Quanto à situação financeira o Diretor explicou que, como é contratualizada cem por cento pelo SUS, “a instituição depende unicamente do repasse das verbas, para seu funcionamento”. Lamentou: a realidade atual compromete o fluxo de caixa. Diz que até o momento R$ 6.537.917,85 deixaram de ser repassados pelo SUS. “A Secretaria alega que não cumprimos metas, mas se nós não recebemos, não temos como pagar o profissional”, explica, acrescentando que o HM só contrata o que pode pagar.
“Se reduz os pagamentos, reduz as metas. O Estado não nos paga e quer que a instituição alcance as metas. Não alcançamos as metas, eles fazem os cortes. Isto é uma tremenda injustiça, porque temos um contrato global com o Estado do Rio Grande do Sul, não é um contrato unitário, que é para ser avaliado de acordo com toda a sua produção”. Destaca que em julho de 2015 foi renovado o contrato entre a instituição e a Secretaria Estadual de Saúde, “porém, houve a diminuição do valor contratualizado”. Em 2011, quando Batista começou a atuar na instituição, o contrato previa o repasse de R$ 528.391,00 mensais. Em agosto de 2012, saltou para um milhão e setecentos mil reais, chegando a três milhões e seiscentos mil no ano seguinte e a R$ 4.168.000,00 em 2014. Batista lamentou que, no ano passado a Secretaria Estadual de Saúde forçou uma redução nos repasses.