CPI do Lixo: ex-funcionário da Biomina reforça denúncias
O gari - que publicou inúmeros comentários nas redes sociais apontando para problemas de estrutura da empresa, os quais estariam levando a falhas na coleta do lixo em Montenegro - reforçou as alegações na CPI. Abrindo os trabalhos o presidente, Vereador Márcio Müller (PTB) mostrou textos postados pelo gari nas redes sociais e uma entrevista na imprensa, questionando-o se os confirmava.
Linhares afirmou: não havia caminhões suficientes, a coleta seletiva não vinha sendo realizada e os garis não recebiam equipamentos de segurança, conforme estabelecido no contrato com a Prefeitura. “Nosso pagamento era realizado parceladamente, sempre depois do dia dez”, lamentou. Linhares disse que trabalha na coleta do lixo em Montenegro há mais de 13 anos, tendo passado por várias empresas, sendo que nenhuma era desorganizada e com a falta de estrutura como a Biomina.
Segundo Linhares, os atrasos na coleta do lixo que denunciou ocorriam por não haver número suficiente de caminhões. Quanto a outro ponto questionado, respondeu: “nunca houve coleta seletiva”. Linhares foi demitido dez dias antes de a Prefeitura encerrar o contrato com a Biomina. Outro problema relatado foi a não ocorrência, durante uma semana, de coleta de lixo em Bairros como o São Paulo.
Somente um caminhão para a coleta
Um dos pontos investigados pelos Vereadores: houve ou não o cumprimento de todos os itens previstos no contrato, como a quantidade de caminhões? Conforme o depoente, na época em que o problema na coleta estava mais crítico, a empresa chegou a ter somente um caminhão trabalhando. Outra denúncia apresentada foi de que o lixo orgânico era pesado junto com o seletivo.
O Vereador Renato Kranz (PMDB) lembrou que, o presidente da CPI leu depoimentos nas redes sociais acerca da suspeita de parentesco entre representantes da Biomina e da Prefeitura, perguntando ao gari se isto se confirmava. Linhares disse não poder afirmar. Porém, toda vez que ocorria manifestação em defesa da empresa, era o Prefeito e o Chefe de Gabinete quem a realizava. “Em outros governos, nunca tinha visto isso”, citou.
Como exemplo, lembrou o episódio em que os garis trancaram a saída dos caminhões, afirmando que quem esteve no local tratando do assunto foi o próprio Prefeito Paulo Azeredo. “Da forma como defendiam a empresa, com todos os problemas conhecidos, teria que haver alguma coisa diferente”, indagou.
Kranz mencionou exigências do contrato, como: equipe mínima, uniforme, equipamentos de proteção individual, questionando se de fato estavam sendo cumpridas. Linhares foi taxativo, ao responder que não. Quanto à exigência de três caminhões compactadores, disse que estes nunca existiram e também que a empresa não possuía sede própria. O Vereador Naná perguntou se neste período (desde 2001) em que o depoente trabalha como gari na cidade, houve empresa como esta. Não demorou um segundo para Marcos responder: não!
Representando o Prefeito Paulo Azeredo (PDT), o Procurador Geral João Elias Bragatto também fez perguntas sobre a relação do gari com as outras empresas e o uso dos EPI’s. Após responder que sua relação com os patrões anteriores era profissional e que alguns coletores ambientais têm restrição ao uso dos equipamentos, Linhares afirmou: a situação era de calamidade pública, a Prefeitura deveria ter logo encerrado o contrato.
Após mais de uma hora e quinze minutos de depoimento, o coletor ambiental desabafou: “pelo amor de Deus! Esta empresa nunca mais pode trabalhar em Montenegro!”. Na próxima semana, a CPI deverá ouvir um dos ex-motoristas da Biomina.