Psicóloga palestra na Câmara Mirim sobre sexualidade Infanto-juvenil
Os “Jovens Vereadores” acompanharam a explanação, que inicialmente ressaltou a importância de ser entendido o termo “sexualidade” como algo além do ato sexual: “é uma forma de se colocar frente às coisas, no que diz respeito à pessoa se identificar mais em ser uma mulher ou mais em ser um homem”.
“A gente nasce menino ou menina, só que não está dado que esta diferença anatômica vá nos situar como homens ou mulheres”, citou Bandeira. “O que vai fazer com que me identifique mais em ser como as mulheres ou mais com os homens é o meu crescimento, a minha relação com as pessoas e as coisas”, definiu.
Em sua visão, a partir disto a pessoa irá se identificar mais com uma ou com outra referência. “Isto traz uma clareza a respeito, por exemplo, da homossexualidade. Não é uma doença, é apenas uma referência sexual, assim como a heterossexualidade, também”. Disse que, do ponto de vista da Psicanálise, a natureza humana é cultural. “A forma como a gente se relaciona com as pessoas ou com as coisas não está só no ato sexual. É muito mais abrangente, está na forma de falar, de vestir, em algumas posturas que a gente toma em alguns momentos”, situou.
A profissional veio à palestra acompanhada de uma estudante de Psicologia, que igualmente escutava os questionamentos dos Jovens Vereadores diante do tema. Bandeira abordou a questão do modismo. “As imagens nos fazem um apelo, e muitas vezes se acaba dizendo ou fazendo coisas que, na realidade, estão muito longe do que a gente deseja”. Referindo-se a comportamentos vistos pelas pessoas na mídia como “algo que é legal ser”, define que é “muito legal ser o que a gente quer ser”.
Melhor caminho é falar
Recomendou aos jovens que, na escola onde estão, perguntem aos colegas, aos professores, “como é ser algo que está muito longe do que desejamos ser, o que diz respeito às escolhas e também à sexualidade”. A seguir, respondeu perguntas, como a de uma Jovem Vereadora, a qual lembrou “que o homossexualismo sempre existiu, mas aos poucos a questão vem à tona porque a sociedade não está mais o enxergando como uma doença, como era visto há um tempo”. Em seguida, perguntou à Psicóloga: “A sociedade está evoluindo ou está abrindo os olhos para uma coisa que não queria enxergar?”.
Bandeira lembrou que, historicamente a Humanidade passa por ciclos que vão e voltam “e que não podem, na realidade, determinar coisas que fiquem longe do que nós queremos ser e quem nós queremos escolher que fique conosco”. Alega que a sociedade sempre evolui. “Um pouquinho, mas evolui”, acrescenta. Ante o comentário de outra Vereadora Mirim, de que uma das maiores dificuldades das pessoas que preferem outras do mesmo sexo é “dizer isto para os pais, porque eles não sabem como abordar o assunto”, perguntou como seria para eles poder assumir.
A Jovem Vereadora tomou como parâmetro o caso de um amigo “que tem medo da reação dos pais, quer contar, mas não sabe como abordar o assunto com eles”. Bandeira respondeu que “se um pai ou uma mãe não sabe com o que o filho se identifica, se isto existe de fato há um problema, porque aquele pai ou aquela mãe não se deram a conhecer para os seus filhos, nem conhecem um pouco dos seus filhos”.
Prosseguiu lembrando que também poderia ser porque estes pais “estão querendo não enxergar, ou por achar que é uma doença, ou o que acontece mais frequentemente, o medo que o pai e a mãe têm que o filho vá sofrer, pela intolerância da sociedade, maus-tratos ou até violência”. Bandeira reconhece que não é simples para um filho abordar com os pais uma questão como estas, fazê-los lembrar de que são seus filhos, que dali eles vieram. “Falar não é o caminho mais fácil, mas é o caminho que tem que se tomar”.
Outra participante solicitou a opinião da Psicóloga diante do que presenciou em sala de aula: “os guris estavam brincando, mas daí eles se deram um beijo. Ficaram zoando deles, aí não tiveram muito que falar. Todo mundo fica meio estranho, porque eles ficam toda hora brincando juntos, conversando, eles têm umas brincadeiras meio estranhas. Todo mundo fica tirando sarro. Como é que eles poderiam se defender, porque tem muita gente na escola que não acha legal, acho que cada um tem seu direito de ter sua opinião”.
Adriana respondeu que o exercício do direito é um exercício diário, a toda hora, a todo o momento. No caso relatado, citou o direito à brincadeira dos meninos ou o de uma escolha e como isto ser respeitado, o direito de não sofrer bullying. Após a palestra da Psicóloga, ocorreu apresentação de pedidos de providências, simulando o formato dos que ingressam no Legislativo por iniciativa dos Vereadores adultos. A próxima sessão da Câmara Mirim está marcada para o mês de agosto.