Câmara saúda os 11 anos da CUFA em Montenegro
A iniciativa foi do vereador Felipe Kinn (MDB) - “Joa”. Em seu discurso, Kinn conta ter percebido “que é dentro das periferias de Montenegro que a CUFA busca mudar a perspectiva de vida de uma parcela da população, muitas vezes inviabilizada, sem estrutura social, psicológica e cultural, para buscar, junto à sociedade, o seu espaço”.
Na sequência, revelou que “com esta entidade, confesso que comecei a enxergar uma sociedade que a minha, por ter a pele branca, às vezes, não enxergava”. Diz que em 2019 “as pessoas são definidas e selecionadas pela cor de sua pele, ou por sua condição social, num meio em que, na verdade, todos deveriam ser iguais, ou que o principal fosse ser ético e correto”.
“Que possamos a cada ano ter momentos como este, e estar aqui homenageando uma entidade que merece todo nosso respeito e admiração”. Prosseguiu: “fui criado muito humildemente, nunca tive preconceito, e conhecendo muitas histórias de pessoas que sofreram isto, se começa a analisar algumas coisas que, em 2019, a gente não pode acreditar que seja verdade”.
A próxima a se manifestar foi a Promotora de Justiça, Graziela Vieira Lorenzoni: “registro o reconhecimento do Ministério Público à importância desta organização, que ocupou um espaço que não havia sido ocupado, e deu visibilidade às demandas das pessoas das comunidades, dos locais que por muito tempo não foram identificados, reconhecidos pelo estado, pela própria sociedade”. Diz ter visto que em Montenegro “há um engajamento pessoal enorme do Rogério dos Santos, a quem cumprimento e abraço, na medida em que conheço a garra, a dedicação, o empenho dele à causa da CUFA, do movimento social, na preocupação com algumas regiões da cidade, sobretudo a Vila Esperança”.
A Promotora acrescenta que Carliane Pinheiro - “Kaká”, esposa de Rogério, “envida os mesmos esforços, a mesma boa-vontade, a mesma dedicação”. “Creio que a sociedade montenegrina deva, de fato, homenagear a CUFA, por sua participação social. Quanto ao Ministério Público, compareci hoje aqui fazendo questão de externar o reconhecimento ao trabalho da Central e o das duas pessoas que foram nominadas, que ultrapassam a dedicação institucional e empenham pessoalmente as suas vidas nesta causa”.
“O ativismo social da CUFA foi fundamental para a nossa cidade”
Na tribuna, Rogério dos Santos frisou: “a palavra que nós temos é gratidão”. Na continuidade, apresentou a nova coordenadora, Danieli, 19 anos, acadêmica de Direito, que participa da CUFA há três anos. Em seu discurso, ela disse que “foi um espaço muito importante pra mim, pois foi o local onde eu me reconheci como mulher negra e entendi o meu papel dentro da sociedade. Assim como é importante para mim, também é para as adolescentes que pertencem ao grupo Maria-Maria, um grupo de resistência, de mulheres negras e não negras de periferia, que se reúne para fortalecer estas mulheres e empoderá-las, também”.
Agradeceu a Rogério dos Santos, coordenador da CUFA e à Carliane Pinheiro, coordenadora do grupo Maria-Maria, “em nome da juventude negra e periférica de Montenegro, que hoje está sendo representada por mim neste espaço”. Continuando a programação, um vídeo institucional mostrou a trajetória da entidade, no Brasil.
A Comemorativa contou também com o testemunho do escritor Jessé Andarilho: “a Central Única das Favelas foi o divisor de águas da minha vida porque eu, enquanto jovem carioca, periférico, favelado, preto e que sonhava em escrever um livro, a única pessoa que acreditou no meu trabalho foi Celso Athayde, fundador da CUFA, que enviou meu livro para a Editora Objetiva, uma das maiores do Brasil”. Disse que “estar aqui hoje é uma honra, e que o nome do Rogério é sempre citado lá no Rio de Janeiro, como um cara que faz o diferencial aqui nesta cidade e no Brasil, porque sempre participa dos eventos da CUFA”.
Em seguida, o Secretário Municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania (SMHAD), João Marcelino da Rosa, mencionando que o vídeo se encerra com a frase: “muito obrigado, Montenegro”, diz que “Montenegro é que tem que agradecer ao Rogério, como coordenador”. De acordo com Marcelino, “os braços do setor público não conseguem abraçar, puxar, não conseguem, muitas vezes, impulsionar tudo o que se faz necessário em nosso município. Este trabalho da Central no que diz respeito à periferia da nossa cidade, às pessoas menos favorecidas, realmente vem nos auxiliar, e muito. O ativismo social da CUFA foi fundamental para a nossa cidade. Nós, do Executivo, queremos agradecer a existência de vocês, à iniciativa, à perseverança, e disse ter certeza que a nova coordenadora dará continuidade a este trabalho “que está sendo magnífico, em nossa cidade”.