Dr. Jacob Kirjner passa a ser nome de Rua
Na sessão ordinária da noite do dia 18 de abril, os vereadores aprovaram por unanimidade o projeto de lei de autoria do Vereador Gustavo Oliveira (Progressista), que denomina “Dr. Jacob Kirjner” a Rua B, localizada no Loteamento Jardim Ibiá, no Bairro Olaria. Médico clínico, cirurgião, filantropo e anjo da guarda. Jacob Kirjner nasceu em 07/12/1927 de pais especiais. Vindos da Europa, seus pais, Israel e Rachel, casaram-se e, corajosamente, se instalaram nas bandas de Santa Rosa, Distrito de Boa Vista do Buricá, hoje município.
Naquela época entre 1920 e 1927, Buricá era um “ fim de mundo”: sem televisão, sem telefone, tanto que a maior distração era ter uma família grande, tendo o Jacob quatro irmãos: a Déia, o Zeca, o Moacyr e a pequena Dalila, que foi o motivo de mudança de toda a família para Porto Alegre. Dalila tinha quase três meses de vida quando foi acometida por uma diarreia fatal e veio a falecer. Não é de se surpreender que o irmão Jacob tenha optado pela Medicina - que foi sua grande paixão - pois a falta de recursos, principalmente de médicos no interior do estado, era enorme.
Como a família era grande e lutava com dificuldades, Jacob foi estudar em escola pública, no grupo escolar Rio Branco, que ficava do outro lado da rua onde morava a família Kirjner. E foi com muito orgulho, anos mais tarde, que a diretoria do grupo homenageou Jacob e sua irmã Adélia como primeiros alunos da escola a se graduar em curso superior, ele na Medicina e ela na Odontologia.
Depois de ter concluído o primário Jacob foi estudar o ginásio e o colegial no colégio Júlio de Castilhos, que naquele tempo era uma escola particular. Depois de ter concluído o científico, Jacob começou se preparar para o vestibular de Medicina, sem dúvida por ser verdadeira sua vocação para tão nobre profissão. Naquele tempo era frequente o racionamento de energia elétrica. Jacob não se aborrecia com isto. Ele improvisou uma forma peculiar para estudar, aproveitando a luz de uma vela com dois espelhos dispostos em um ângulo de 90 graus e a vela acesa entre os dois. Isto multiplicava muito a luz emitida pela chama benfazeja da vela, para que ele não desse um minuto sequer de seu precioso tempo.
Já estudante de medicina, acordava de madrugada para ir ao mercado público abastecer de frutas e verduras o pequeno armazém onde trabalhava, com sacrifício, sua mãe, Rachel. Formado em Medicina em 1952, fez o concurso para a Brigada Militar, onde entrou como capitão. Foi capitão médico no Regimento Bento Gonçalves, na antiga companhia de guardas.
Como não se bastasse um diploma de curso superior, fez na ESEF (Escola superior de educação física) o curso de medicina desportiva, numa época pioneira neste tipo de estudo, no ano de 1955. Desde estudante, Jacob Kirjner pertenceu ao quadro de negócios da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, tendo exercido as funções de cirurgião na chamada Enfermaria 35 de Mulheres.
No ano de 1956, conheceu sua futura esposa e eterna namorada, Rachel, tendo se casado em janeiro de 1958. Após o nascimento de sua primogênita, Jacob teve de mudar-se para o interior devido aos problemas de saúde de sua filha, tendo a família morado em diversos locais, até que finalmente, retornando ao quartel, em 1963, Jacob e família se instalam em Montenegro,
como capitão médico. E abre seu consultório particular na Rua Ramiro Barcelos em uma casa ao lado de onde era a antiga “telefônica de Montenegro”, residindo neste local até mais ou menos 1969.
E 1963, também aconteceu uma das maiores enchentes na cidade de Montenegro, ocasião em que conhece e se torna amigo do saudoso prefeito Hélio Alves de Oliveira, grande benemérito de Montenegro. Jacob não poupou esforços para auxiliar a população montenegrina nesta grande tragédia, vacinando e atendendo, principalmente as crianças e os idosos. O Doutor Jacob tornou-se imprescindível como médico dedicado e competente. Durante muito anos atendeu pelo INSS na qualidade de médico perito, e além de participar ativamente no desenvolvimento da cidade, atendia também no quartel até quando foi promovido ao cargo de chefe do departamento médico da Brigada Militar do estado do Rio Grande do Sul.
Fazia atendimentos no único hospital que então existia Montenegro, fazia caridade pelo interior atendendo asilos de crianças e pobres, atendia pelo amor que tinha pelo ser humano (existem muitos depoimentos acerca deste assunto). Membro fundador do Lions Club de Caneka, Jacob foi convidado a fazer parte do Lions Club de Montenegro chegando, naquela época , ao cargo de presidente de divisão (onde desenvolveu vários projetos que ajudaram em muito o desenvolvimento da cidade de um modo geral e amplo).
Também participou do movimento de escoteiros, tendo criado o clube dos lobinhos. Como se não bastasse, Dr Jacob, aos sábados, atendia gratuitamente o pessoal internado no asilo Pela Betânia, praticando com carinho e respeito a profissão a que tanto amava . Jacob também foi o primeiro médico a trabalhar no modelo cooperativo, tendo trazido para Montenegro a Unimed, mesma cooperativa que atende milhares de pessoas em Montenegro. Entretanto tudo que é bom, dura pouco, e em 31/03/1977 o coração gigante do Dr Jacob Kirjner parou de bater deixando órfãos centenas de montenegrinos que nasceram através de suas mãos e outros tantos que foram salvos por elas.