Mais de 1600 procedimentos envolvendo violência contra as mulheres

    Referem-se ao período de funcionamento da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM).
    Relato apresentado na manhã de quinta-feira (17), na Câmara, atendendo proposição do Vereador Marcos Gehlen - “Tuco” (PT). Participou a Delegada da DEAM, Cleusa Spinato, além de setores que atuam no atendimento e prevenção à violência contra as mulheres.
    Dentre as estatísticas, a solicitação de 838 medidas protetivas; cerca de dois mil boletins de ocorrência; 22 Mandados de prisão cumpridos e 27 prisões preventivas. Para a Delegada Spinato, urge a necessidade de se ter uma rede de apoio funcionando no município.
    O Vereador Marcos Gehlen - “Tuco” lembra que desde o início de seu mandato na Câmara, em 2009, vem trabalhando neste tema. “Precisamos avançar mais, no sentido de realmente ter a criação de uma rede de atendimento à mulher em funcionamento”, reforça.
    Tuco diz ser imprescindível que o Município tenha um organograma de atendimento pronto, para amparar as mulheres vítimas da violência. O vereador acredita que a própria DEAM representa um grande avanço, mas é preciso ir além. “Sou o autor da Lei que instituiu em Montenegro a Semana da Mulher Montenegrina, criada justamente para provocar ações e trabalhar o tema”, destaca.
 Segundo Cleusa Spinato, a estrutura da DEAM não permite que se possa avançar, com trabalho de conscientização e prevenção. Voltou a falar sobre a importância da criação da rede de atendimento. “A mulher que não tem apoio acaba desistindo”, lamenta a Delegada.
A psicóloga Fabiani de Moraes, que atua na DEAM como coordenadora ACESUAS, destacou a necessidade de haver uma política de atendimento psicológico no município, para essas vítimas da violência, bem como local adequado para a sua continuidade.
Carliane Pinheiro - “Kaká”, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (COMDIM), avaliou que sua experiência na periferia traz exatamente a realidade apresentada pela Delegada, quando fez referência ao fato de que a mulher não está fortalecida para fazer a denúncia: “no grupo Maria & Maria, a gente procura fazer esse trabalho de fortalecimento”, diz. Kaká também concentrou sua fala na importância da busca do fortalecimento de Rede. “Hoje, é cada um por si e Deus por todos”, lamenta. Por fim, comentou sobre Seminário que irá ocorrer dia 25 de novembro.
Todas as falas prosseguiram de forma muito semelhantes, quanto à necessidade do fortalecimento da rede. Conforme a enfermeira do Hospital Montenegro (HM), Rosângela Müller, as mulheres vítimas chegam ao HM e recebem o acolhimento inicial, sendo que o grande problema é a fase posterior. “O relato é sempre o mesmo: o medo de apresentar a denúncia”. Durante o dia, o HM conta com o Serviço de Psicologia. O problema é que não acontece à noite e nos finais de semana.
A Secretária Municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania (SMHAD), Maristela Josiane Paz, explicou que existe convênio com uma casa de passagem, porém, admite que não seja o mais adequado. Também que as demandas que chegam à Secretaria, de vítimas da violência, são consideradas mínimas. Josi Paz, de forma pragmática, se colocou à disposição para buscar parceria com o Hospital Montenegro e a DEAM, aproximação no sentido de que realmente a Rede de Atendimento seja uma realidade.
Tuco traz a importância de se fazer um trabalho de capacitação com os Agentes Comunitários de Saúde, que estão diariamente no trabalho de campo. Ao final, proposto pela Secretária Josi um encontro de trabalho entre Delegacia, HM e Município, para a articulação deste atendimento mínimo em forma de rede.