Monaliza Furtado e desafios da Educação, na Tribuna Livre da Câmara

por adm publicado 30/09/2019 09h00, última modificação 30/09/2019 09h00
Educação, tema da Tribuna Livre de setembro na Câmara, na fala da professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Esperança, Monaliza Furtado, representante do SINPEDU – Sindicato dos Profissionais da Educação dos Sistemas Municipais de Ensino de Montenegro e Pareci Novo.
Monaliza Furtado e desafios da Educação, na Tribuna Livre da Câmara

Professora Monaliza


    Professora há 20 anos, comentou que até que um projeto seja desenvolvido com os alunos, “há diversas etapas anteriores, muito planejamento coletivo e estudo dos documentos que regem a Educação, como a Lei de Diretrizes e Bases e os Parâmetros Curriculares”. Revela: “já estamos fazendo um estudo sobre a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) que está sendo aos poucos implementada em todo o país”.
    No âmbito municipal, há um documento orientador do currículo para o território de Montenegro, “construído por uma boa representatividade dos professores, e que baliza também a educação municipal”. Segundo ela, “são os documentos que nos orientam para que desenvolvamos as nossas aulas”. Além destes, há o Plano Político-Pedagógico de cada escola, os planos de estudo. Afirma ainda: “nada do que ensinamos na escola pode dizer respeito à achismos ou crenças pessoais, a escola é lugar de conhecimento científico. Os professores são os guardiões da pedagogia, e ela não tem como objetivo só ler, escrever e calcular, mas também dar sentido a todas estas competências. O papel da escola é o desenvolvimento integral do sujeito”.
    Lembra que a educação infantil tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. “Por que será que algumas pessoas se sentem tão à vontade para fazer críticas infundadas? Pessoas que, na maioria das vezes, não tem nenhum vínculo com a escola, disseminam intolerância, preconceito e muita informação equivocada, sem nenhum fundamento baseado em pensadores da Educação, são opiniões pessoais, que não cabem na escola”.
    Prossegue: é preciso estar claro que quem supervisiona e pensa as práticas educativas são os profissionais da Educação. Danilo Gondim diz: não somos pescadores domingueiros esperando o peixe. Somos agricultores esperando a colheita, porque queremos muito, conhecemos a semente, a terra, os ventos e a chuva. Porque avaliamos as circunstâncias e porque trabalhamos seriamente.
    Furtado acrescenta: eu vivi para ver Paulo Freire, educador considerado um dos pensadores mais notáveis da história da pedagogia mundial, patrono da Educação brasileira, com obras publicadas em diversas línguas, ser criticado por pessoas que, com certeza, nunca leram uma obra dele. Se tivessem lido, saberiam que ele fala, essencialmente, de amor e respeito aos educadores e educandos. Ele diz: “ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição à qualquer forma de discriminação. A prática preconceituosa de raça, de classe, de gênero, ofende a substantividade do ser humano, e nega radicalmente a democracia”
    “Qual o papel da escola, senão o de humanizar e ensinar sobre o amor e o respeito à diferença? Imaginem um Brasil sem preconceito, sem racismo, sem homofobia, sem machismo! Quanta gente iria parar de sofrer, quanta gente iria viver mais livre e feliz, gente que não faz mal a ninguém e é discriminado, pelo simples fato de existir, de ser quem é. Será que diminuir preconceitos e ensinar a respeitar tem a ver com partido político, ou é só um ideal de nação civilizada e justa, mesmo? Se a Educação, sozinha, não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda também, disse Paulo Freire”.
    Por fim, comentou sobre projeto coordenado por ela e desenvolvido com os alunos do 5º ano: um jornal sobre os temas e projetos desenvolvidos na EMEF Esperança. “serve para ilustrar a nossa prática na escola, que nada tem a ver com estas questões que estão sendo levantadas com não sei qual intenção, exatamente, mas com uma intenção que, com certeza, não é boa. Espero que possamos, um dia, receber a valorização que merecemos, mas até lá estaremos juntos e lutando para que nosso espaço seja respeitado, assim como é respeitado o espaço de outros profissionais”.