Mulheres lotam o plenário da Câmara, na Conferência Municipal

por mon — publicado 17/09/2015 08h29, última modificação 07/03/2016 11h56
Durante toda a quarta-feira (16), o plenário da Câmara de Vereadores de Montenegro esteve lotado, durante a Conferência Municipal para as Mulheres. Boa parte do público era do sexo feminino, assim como as painelistas. Tema principal, escolhido por uma comissão organizadora formada por várias entidades: “Mais Direitos, Participação e Poder para as Mulheres”.

   
    Na abertura, o Prefeito Luiz Américo Alves Aldana (PSB) e o presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Câmara (CCDH), Vereador Marcos Gehlen (PT) destacaram a grande participação das pessoas, a importância do evento e a necessidade de realmente se discutirem políticas para as mulheres.
    Única Vereadora na Câmara, Rose Almeida (PP) observou a necessidade de que se continuem os avanços, entre os quais a conquista da Delegacia da Mulher. O Diretor do Hospital Montenegro, Carlos Batista da Silveira, falou sobre a necessidade da criação de políticas públicas realmente exequíveis.
    A primeira etapa dos trabalhos foi a de palestras dos painelistas.  Primeiro a se manifestar, o Vereador Marcos Gehlen (PT) - “Tuco”, abordou a legislação existente, caso da Lei Maria da Penha. Citou alguns avanços em Montenegro, tais como a Delegacia Especializada da Mulher.
    Adriana Bandeira, Psicanalista do Hospital Montenegro, propôs que fossem tratadas questões ligadas ao acolhimento, já que muitas vezes o Hospital Montenegro é a primeira porta de socorro às vítimas. Bandeira contou que um grupo de estudos atua na instituição, tendo como tema a questão da violência contra a mulher. Durante sua fala, abordou os tipos de violências, entre elas a emocional, que é repetida muitas vezes, passando a ser sentida e praticada como “feijão e arroz”. Fez uma comparação, para exemplificar que as vítimas acabam encarando-a como algo corriqueiro em suas vidas.
    Como já era esperado a Delegada Cleusa Spinato manifestou sua grande preocupação com o volume de ocorrências em Montenegro e com a gravidade das agressões. Apelou para que as vítimas prosseguissem fazendo queixas, garantindo que a Delegacia da Mulher está de portas abertas. Fechando os trabalhos da manhã, manifestaram-se a Doutora Jane Felipe e a Ginecologista Anita Beatriz Dara Lucas de Oliveira. 
    Jane Felipe, um dos grandes nomes no assunto “violência contra a mulher”, Doutora e Professora da UFRGS, enfatizou temas pouco conhecidos da grande massa de participantes, que estão presentes no dia-a-dia das mulheres sem que elas percebam. Por exemplo, a chamada “violência benévola”, que na prática nada mais é do que o homem efetuar algum tipo de agressão, física ou emocional, e posteriormente tentar compensá-la. Ou casos em que a mulher busca espaço no mercado de trabalho e o marido prefere pagar-lhe o valor que ela iria receber como remuneração, para que não se afaste do lar.
    Jane Felipe ainda apresentou dados alarmantes. No Brasil, a cada 15 segundos uma mulher é agredida. O país figura entre os que mais sofrem com a violência doméstica: 23% das mulheres brasileiras estão sujeitas a esse tipo de violência. “Cerca de 70% das vítimas de assassinato, do sexo feminino, foram mortas por seus maridos ou companheiros”. Felipe, assim como a Delegada Spinato, declarou que agressões às mulheres acontecem em todas as classes sociais.
    À tarde, a presidente da Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas (OASE) relatou o trabalho da entidade, mantenedora do Hospital Montenegro.
    Quatro grupos foram formados para trabalhar os eixos temáticos:
I - Contribuição dos Conselhos de direitos da mulher e dos movimentos feministas para a efetivação da igualdade de direitos e oportunidades para as mulheres em sua diversidade e especificidades: avanços e desafios;

II - Estruturas institucionais e políticas públicas desenvolvidas para as mulheres no âmbito municipal, estadual e federal;

III - Sistema político com participação das mulheres e igualdade: recomendações;

IV - Sistema Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres: subsídios e recomendações.