Vagas especiais de estacionamento para autistas é debatida na Câmara
Em qualquer lugar que se vai, lá estão as placas de sinalização de trânsito. Inclusive as de estacionamento para idosos e deficientes. O que a população não sabe, ou ainda não teve conhecimento, é de que dentro dos espaços destinados para as pessoas com deficiências, normalmente sinalizados por uma cadeira de rodas, também é utilizado por pais ou responsáveis com filhos autistas. “Estacionei em um determinado lugar há um tempo atrás, na vaga para deficientes, e quando desci do meu carro com minha filha, uma pessoa ficou olhando para nós. Ela não é cadeirante. Eu estava em uma vaga que é para ela também. Mas talvez esta pessoa não sabia”, conta Marcelo Claro, pai de uma menina autista e conselheiro tutelar em Montenegro. Constrangido com a situação ele conta que deixou a filha com a esposa e procurou outro lugar para estacionar.
Relatos, como o do Marcelo, chegaram até o vereador Felipe Kinn (MDB) e, a pedido do gabinete do parlamentar, a Câmara aprovou e foi realizada uma reunião para debater o assunto e encontrar soluções viáveis que possam auxiliar pais e mães com filhos portadores de Transtorno do Espectro Autista. “Precisamos debater, sim, este assunto. Não podemos trancar, dentro de casa, pais, mães e filhos com TEA simplesmente por que a sociedade não entende que naquele espaço de estacionamento, tão necessário para estas pessoas, pode ser usado por pais ou responsáveis de pessoas com autismo. Imagino a dificuldade que passam para estacionar um veículo”, frisou o parlamentar.
Um dos objetivos da reunião foi o de encontrar uma alternativa viável, que não onere os cofres públicos, mas que garantam o direito destas famílias. E que inibam comportamentos de pessoas como a que constrangeu, com olhares, Marcelo e sua família. Segundo o diretor do Departamento de Trânsito de Montenegro, Paulo Tenpass Júnior, as placas de sinalização seguem normativas federais, regulamentadas pelo Código Brasileiro de Trânsito. No entanto, ele sugeriu fazer uma consulta a PGM para saber se há a possibilidade de inclusão do símbolo do TEA nas placas indicativas para deficientes. “Seria um primeiro passo a ser dado neste assunto. Pode ser pequeno. Mas vai fazer a diferença. Tenho acompanhado muitas histórias de famílias com filhos autistas. E sei o que passam quando precisam se deslocar para algum lugar e não conseguem estacionar seus veículos”, destacou.
Hoje, a prefeitura de Montenegro regra o estacionamento rotativo. Nestes locais os motoristas são orientados a utilizar uma placa com a identificação do TEA. Já em mercados, lojas ou outros estacionamentos privativos não há esta fiscalização justamente por que são locais privados. No entanto, a ideia é conversar com estes empresários para que eles - também – possam fazer adequações aos seus espaços. “Não queremos exclusividade, queremos inclusão”, ressaltou Marcelo.