Vereador Valdeci coloca em pauta proibir trânsito de veículos pesados na Beira do Rio

por adm publicado 03/06/2019 15h58, última modificação 03/06/2019 15h58
O recente desabamento de mais um trecho do Cais do Porto das Laranjeiras reacendeu o debate sobre o trânsito de caminhões na Rua Álvaro de Moraes. Propondo a proibição do tráfego de todo tipo de veículos pesados na via

, como ônibus e caminhões, o vereador Valdeci de Castro (PSB) foi o proponente de reunião na Câmara, com o entendimento de que esta medida protegeria o Cais, “pois há tempo não é feita alguma manutenção no local”.

         Valdeci comentou ligação telefônica recebida recentemente de uma moradora na Beira do Rio, lhe perguntando: “vereador: viste o jeito como balançaram todos os prédios aqui, com estes caminhões carregados?”. Em outra ocasião, Valdeci conta que chegou a balancear, no interior do prédio da Câmara: “parecia que tinha dado um trovão, tremeu tudo aqui”. Constata que “na Beira do Rio, está rachando tudo, precisamos retirar o movimento de caminhões pesados”.

         A Arquiteta Letícia Kauer, integrante do Movimento de Preservação do Patrimônio Histórico, relata que no dia dois de setembro de 2018, logo que houve o primeiro desmoronamento em frente ao antigo Frigorífico Renner o Movimento, através de ofício, encaminhou uma lista de recomendações à Prefeitura, com relação ao Cais. Entre estas, o impedimento da circulação de todo e qualquer veículo pesado em frente ao Cais, retornando somente após a realização de estudo sobre o impacto, assim como da manutenção da estrutura, “para que não houvesse mais desmoronamentos”.

         Na época, o Movimento especificou que o retorno da circulação de todo e qualquer veículo pesado somente devesse ser analisado após a reestruturação de todo o talude, mediante um laudo atestando que não traria nenhum risco ao Cais. No documento, solicitada a delimitação de um trecho que poderia servir para circularem pedestres, “considerando o risco iminente de desmoronamento em outras áreas do Cais”.

         Também que, como forma de prudência, fosse tomada medida de proteção da área onde ocorreu o desmoronamento, para evitar que a situação se agravasse, a qual poderia ser retirada após a definição de um projeto para a recuperação do talude, “considerando-se o valor histórico e aspectos arquitetônicos a serem preservados”.

         A representante do MPPHM também comentou sobre o Acordo de Cooperação Técnica firmado pelo Município, com o Instituto de Patrimônio Histórico do Estado. Letícia explica que o IPHAE tem uma equipe capacitada para o amparo técnico e jurídico às Prefeituras, em questões referentes ao patrimônio histórico. Bastaria o Município informar oficialmente que necessitaria de uma visita à cidade, para que o Instituto disponibilizasse uma equipe visando auxiliar no que fosse necessário. “Isto não teria custo. Se a Prefeitura apenas colocasse à disposição um veículo, para o transporte, eles viriam com uma equipe técnica, auxiliando em tudo o que fosse necessário”.

“Não se tem um diálogo”

         Kauer lembra que o Cais é um bem tombado, trata-se do segundo mais importante do estado, “mas o Município não aceita ajuda”, reclama. Ela comenta que o Prefeito tem conhecimento da existência deste Termo de Cooperação Técnica. “Já falamos em diversas ocasiões sobre o assunto, protocolamos inúmeros pedidos de providências, procuramos secretarias responsáveis pelo tema, para ajudar a resolver juntos. Nunca se tem um diálogo, simplesmente vão fazendo da forma que eles acham adequada”.

         Segundo Letícia, não é simplesmente o peso que irá causar impacto na estrutura do talude: “como todos sabem, toda orla está correndo risco. Qualquer ação poderá interferir em seu estado”. O vereador Valdeci diz ter uma impressão que, de agora em diante, os desmoronamentos irão ocorrer com mais frequência, “se não for tomada alguma atitude, rapidamente”. Para ele, impedir o tráfego de veículos pesados minimizaria a situação, visando evitar possíveis desmoronamentos. Alerta que tem que ser tomada alguma providência, pois se houver a queda de uma das pistas, poderá atingir as casas, também.  

         “Boa parte do Cais ainda está sendo mantida graças às escadarias existentes”, constata Lisiane Lopes, da SMEC, pois se cria uma espécie de “muro de arrimo”, contenção que segura um pouco estas pedras. “As áreas onde o Cais ainda está um pouco mais resistente são as próximas a algum tipo de escada”, diz.

         O Diretor do Departamento de Transporte e Trânsito, Aírton Vargas, informou que nos próximos dias, possivelmente, deverá acontecer uma reunião sobre o assunto, entre o Movimento do Patrimônio Histórico e o secretário de Obras Públicas, Ronaldo Buss. “Essa aproximação é, sim, muito importante, claro que se precisa deste apoio. Tenho certeza de que, assim como eu, o secretário tem este entendimento”. Conforme Letícia Kauer, o Movimento sempre se coloca à disposição, para ajudar: “somos um grupo de voluntários, e qualquer dúvida que tiverem, e no que pudermos colaborar, estamos sempre dispostos a ajudar a trazer informações, a buscar maiores esclarecimentos”.

         Como alternativa ao impedimento total da circulação de veículos na Rua Álvaro de Moraes, que fosse permitida apenas em meia-pista. “O ideal seria não deixar os veículos pesados passarem, mas sei que tudo que envolve veículos e trânsito é sempre uma polêmica”, reflete a integrante do Movimento. “Acontece que não temos uma rota alternativa”, lembra Aírton Vargas. “A população toda está preocupada com o Cais. Direta ou indiretamente, está ciente do que está acontecendo. Esta seria uma iniciativa em conjunto, do Executivo e da Câmara, de preservar o que ainda nos resta, o que ainda temos para preservar”, considera a integrante do Movimento de Preservação.